Uma autobiografia
Nasci em Beja, em 1985 e, entre as memórias mais antigas que tenho, a grande maioria são olfactivas
- o cheiro do pão quente, do bolo de mel e azeite com cravinho e canela.
Sempre tive duas grandes
paixões: a ciência e a arte. Esta grande divisão fez com que seguisse as artes,
mas sempre a par com a matemática, a física e a química.
Foi durante o secundário que
deixei os cheiros e sabores do Alentejo e vim para Lisboa, onde os cheiros e
sabores da culinária se fundiram com o movimento e a escala da cidade.
Em 2003 segui um dos percursos
que correspondia às minhas duas paixões e frequentei o mestrado integrado em Arquitetura,
no ISCTE.
Durante esse período passei por
uma fase vegetariana. Cozinhava e inventava só para mim. A criatividade não
tinha limites!
A cozinha era, para mim, como
um balde de legos: juntava as peças, fazia e desfazia quantas vezes fossem
necessárias até aquela refeição ficar perfeita. Com total exigência para com a
minha própria precisão, o meu lado científico vinha sempre dar o retoque final:
apontar, medir, pesar.
Foi, então, que descobri o
caminho certo. Não era a arquitetura que me preenchia, mas a pastelaria, uma
espécie de arquitetura, em versão rápida e ao alcance de qualquer pessoa.
Da arquitectura ficou o rigor e
a permanente necessidade de questionar. Pensar muito antes de fazer, e no que fazer.
Fazer mas sempre na medida certa.
Nessa altura, era fundamental
apontar os resultados e a melhor forma era ter um blog. Em 2008, nasceu o Céu
da Boca que mais tarde, depois de uma longa caminhada, foi considerado, em 2013, um dos 15 melhores blogues de culinária portugueses pela revista Vogue.
Em 2010, deixei finalmente a
arquitectura e fiz alguns workshops em decoração de bolos. Mas o que queria
saber não era apenas a técnica, era a ciência por trás da técnica. Precisava de
saber como substituir ingredientes, como criar o que queria... As texturas
fascinavam-me!
Entrei no curso de Produção
Alimentar em Restauração, na ESHTE. A disciplina que mais me marcou foi a Tecnologia dos
Alimentos. Era o que queria saber. Era mesmo isso! (E continua a ser,
porque ainda há um mundo inteiro de técnicas, sabores, texturas e cores para
experimentar!)
Durante o curso, tive
oportunidade de estagiar no Hotel Farol Design, em cozinha e pastelaria, e no
Hotel The Oitavos, ambos em Cascais. De ambos, trouxe a humanidade de criar e
inovar para outros paladares. No The Oitavos, o meu estágio foi mais
direcionado para a pastelaria e foi aí que tive a oportunidade de ver produtos
e aprender técnicas que dificilmente adquiriria como autodidata.
No último ano da licenciatura aproximei-me ainda mais da tecnologia, apaixonei-me pela nutrição, pelos processos... A vontade de aprender, de criar mais e com mais rigor, fez-me continuar na ciência. Estagiei no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e aprendi a determinar com rigor aquilo que me era invisível - as proteínas, as gorduras, a fibra... Aquele laboratório foi durante algum tempo a minha cozinha, enquanto a minha cozinha continuava a ser o meu laboratório.
E continuei... Frequentei o Mestrado em Inovação em Artes Culinárias na ESHTE. Pude ser criativa, pude experimentar, pude criar, pude medir e pesar - agora cada vez melhor. E continuei... imersa na ciência, sempre a procurar resposta para cada questão; a duvidar de cada ideia; a testar, a testar, a testar...
Até que a criatividade se esgote!
No último ano da licenciatura aproximei-me ainda mais da tecnologia, apaixonei-me pela nutrição, pelos processos... A vontade de aprender, de criar mais e com mais rigor, fez-me continuar na ciência. Estagiei no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e aprendi a determinar com rigor aquilo que me era invisível - as proteínas, as gorduras, a fibra... Aquele laboratório foi durante algum tempo a minha cozinha, enquanto a minha cozinha continuava a ser o meu laboratório.
E continuei... Frequentei o Mestrado em Inovação em Artes Culinárias na ESHTE. Pude ser criativa, pude experimentar, pude criar, pude medir e pesar - agora cada vez melhor. E continuei... imersa na ciência, sempre a procurar resposta para cada questão; a duvidar de cada ideia; a testar, a testar, a testar...
Até que a criatividade se esgote!